sábado, 4 de janeiro de 2020

Artigo: comidas que deveriam morrer em 2019

A gastronomia é cíclica e assim como diversos outros segmentos, como a moda e o universo fitness, não é imune a tendências. Algumas “febres gourmets” ganharam muita visibilidade, mas na minha opinião, merecem ser esquecidas. Aqui listo algumas. Confira:

Azeite Trufado

Esse embuste até perdeu um pouco de espaço em 2019, mas continua sendo sinônimo de requinte e sofisticação (além de alguns pulos de preço nos cardápios) para vários estabelecimentos e consumidores. Fato é que esse óleo não tem absolutamente nada a ver com o sabor ou aroma natural das maravilhosas trufas, além de deixarem um retrogosto metálico na boca. Como sempre digo, se não achamos nada pomposo dizer “isso é maravilhoso, tem essência de baunilha!” (e esses pelo menos levam vanilina, que está presente na baunilha natural), porque dizemos que algo é mais fino por possuir um óleo injetado com um malcheiroso gás artificial?

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Frankstein na taça

Infelizmente vende, e vende bem, porém é uma afronta à delicadeza da gastronomia. Você já deve ter visto a pizza de feijoada, estrogonofe na taça, cachorro quente no copo e outras bizarrices. Além das sobremesas alucinadas, que levam bolo, sorvete, chocolates, creme, calda quente, biscoitos, jujubas, frutas e picolé. Isso seria tolerável se fossem clientes montando suas próprias opções nas finadas sorveterias self-service que ficaram na década de 1990, mas infelizmente está presente em diversos cardápios. É tanta informação que o produto final acaba com gosto de nada.

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Cúpulas de chocolate

Bombaram há uns dois anos, depois foram desaparecendo, e quem sabe essa não seja a hora de sumir de vez. Normalmente é composto de algum bolo ou sobremesa, sempre com um sorvete em cima (não entendo a razão, mas via de regra é isso) e uma cúpula de chocolate que se derrete (ou pétalas que se abrem) ao contato com uma calda quente que normalmente o garçom adiciona na mesa, revelando o tal bolinho com sorvete. Interessante, bonito, porém já cansou. Além do fato de que a maioria dos estabelecimentos que o fazem não utilizam uma camada muito delicada de chocolate, exigindo muita calda que acaba por embeber tudo e tomar o sabor de da sobremesa.

Nomes excessivamente rebuscados

Sim, é necessário algum floreio no cardápio para tornar os pratos mais interessantes e comerciais, porém algumas vezes vão longe demais. Carnes “escoltadas” por seus acompanhamentos, tudo fino vira “pétalas“, uma ervilha se torna uma pérola e por aí vai. Uma descrição mais precisa, porém que ressalta a qualidade dos seus ingredientes (nada errado que dizer que é perfumado ou aromatizado) é melhor. Alguns pratos têm uma descrição tão lúdica que nem os profissionais da área conseguem compreender.

Carne de mentirinha

Sim, eu sei, é provavelmente uma tendência forte de 2020, conforme dissemos, porém isso não significa que tem meu aval. São itens que acabaram ganhando uma aura saudável, por não conterem derivados de carne, porém não passam nem perto. São ultraprocessados como qualquer biscoito recheado encontrado em prateleiras e com alto teor de sódio, confundindo o consumidor mais desavisado. As marcas obviamente não fazem questão alguma de reforçar que se trata de um junk food, deixando a análise para quem compra. Há também o fato de que os testamos e a avaliação não foi das melhores.

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Glitter e arco-íris

Na verdade essa ideia não precisa morrer, mas deve aprender a se comportar. Casas ofereciam um bolo arco-íris, ou uma bebida ou outra com glitter, mas de repente todo o cardápio ficou dominado por isso, numa tentativa desesperada de que tudo se tornasse instagramável. Peguem leve no excesso de cores e deixem um ou outro item divertido. Utilizar em tudo deixa a carta parecendo um episódio estranho dos saudosos desenhos do Cartoon Network nos anos 1990.

Comidas do lado sombrio da força

O carvão ativado começou a ser adicionado aos pratos com suposta premissa de benefícios à saúde, criando uma legião de comidas escuras. Pior, largaram o carvão de lado e passaram a usar apenas corantes pretos. Por mais que seja bom para seu organismo, alguém acha agradável servir carvão no prato?

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