por Beatriz Marques
Rio de Janeiro e Belo Horizonte levam a fama por serem cidades “botequeiras”. Mas o começo de 2019 está sendo um verdadeiro esquenta para São Paulo entrar no grupo. Várias inaugurações importantes aconteceram na capital paulista e outras ainda prometem mais barulho.
Depois do tão aguardado Bar dos Arcos, aberto no fim de dezembro no subsolo do Theatro Municipal pelo empresário Facundo Guerra (leia-se Mirante 9 de Julho e Cine Joia), agora é a vez do Bar do Cofre SubAstor (subastor.com.br/bardocofre) atrair os holofotes para o centro da cidade. Inaugurado em fevereiro pela Cia. Tradicional de Comércio, o novo bar está instalado dentro do cofre que fica no subsolo do Farol Santander – edifício antes ocupado pelo banco Banespa. As características do ambiente, como as portas gigantes de concreto e aço, foram preservadas e ganharam um ar intimista com o balcão do SubAstor (que acaba de completar uma década na Vila Madalena). No cardápio, drinques de Fabio La Pietra e comes assinados por Marcelo Tanus e Laila Radice.
O grupo Antonietta também programou para fevereiro a estreia do Candeeiro (barcandeeiro.com.br), bar que ocupará o lugar do antigo restaurante Obá, nos Jardins. Um dos sócios do restaurateur Milton Freitas é o barman Laércio Zulu (ex-La Maison est Tombée e dono de uma marca de bitters), que promete drinques com foco na cachaça e tequila e petiscos brasileiros (acarajé está na lista!).
E a agenda do mês fica completa com a chegada do Nit, bar do catalão Oscar Bosch colado ao Tanit (restaurantetanit.com.br), também nos Jardins. As tapas preparadas pelo premiado chef serão a grande atração. “Teremos tapas tradicionais espanholas com algumas criativas e outras com influências de outros lugares do mundo”, conta Bosch.
Um bar dentro de um bar. Não deixa de ser curiosa a abertura do Salve, bar que fica no terceiro andar do gastrobar Nosso (nossoipanema.com), no bairro carioca de Ipanema. Apesar da “redundância”, o Salve tem identidade própria e mergulha na cultura dos cafés italianos, com drinques refrescantes – o puglia (R$ 29, foto), por exemplo, é feito com vodca, aipo, tomate cereja, limão taiti e sal de hortelã – e snacks do chef Bruno Katz.
Fast food
A cozinha Nikkei do Maido
O restaurante peruano Maido, em Lima, alcançou o primeiro lugar na lista dos 50 melhores restaurantes da América Latina por dois anos consecutivos. Por trás do sucesso está o chef Mitsuharu Tsumura, conhecido como Micha, que pratica com excelência a cozinha nikkei – a fusão de técnicas e sabores peruanos e japoneses no prato. Em janeiro, ele mostrou suas habilidades ao lado de outros chefs de seu país n’A Casa do Porco, em São Paulo, durante o evento Porco Mundi Peru e conversou com a Menu.
O Maido mudou depois da premiação?
Mudou a nossa união. Eu conheci muitas pessoas através do prêmio, principalmente cozinheiros da América Latina. Ficamos mais unidos, trocamos mais experiências, que nos ajuda a mostrar a força que tem o continente. É muito bonito ganhar um prêmio, mas não trabalhamos para isso e sim para dar alegria às pessoas. O resto é consequência de um trabalho.
Por que o casamento da cozinha peruana com a japonesa (a cozinha nikkei) deu certo?
Elas se complementam, pois são muito distintas. Eu sempre digo que são como os magnetos: polos iguais se repelem, polos distintos se atraem. A cozinha japonesa é muito suave, sutil e o Peru é muito agressivo. Quando coloca as duas juntas, há um equilíbrio.
Qual é o seu casamento perfeito?
Pimenta e shoyu é a combinação perfeita. Isso tem em 99% da minha comida.
O que sempre come quando vem ao Brasil?
Pão de queijo é um espetáculo! Não temos no Peru. Também me encanta a farofa e as preparações que fazem com tucupi.
Sala de aula
Formação vegetariana
A procura é cada vez maior por pratos sem proteína animal em restaurantes, mas muitos cozinheiros ainda têm dificuldade de entender e se adaptar à nova demanda. Por isso veio em boa hora o curso de aperfeiçoamento em cozinha vegetariana, lançado pela universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo. As aulas, voltadas para profissionais de gastronomia, nutrição, engenharia de alimentos e interessados em se aprofundar no assunto, começam em março e abordam todas as vertentes da cozinha vegetariana, com conceitos e técnicas de nutrição, além de apresentar os princípios sociais e econômicos envolvidos neste tipo de alimentação. As inscrições acontecem em fevereiro e podem ser feitas pelo site anhembi.br. O curso acontece no campus Vila Olímpia todas às quintas-feiras à noite (carga horária de 180 horas). O valor total é de R$ 13.473 (27 mensalidades de R$ 499).
Muitos peruanos (e até brasileiros) ficaram órfãos em 2018 quando souberam que não haveria a edição do Mistura, uma das feiras gastronômicas mais importantes da América Latina que acontece em Lima. Mas boas notícias estão por vir. Segundo Micha, muitos cozinheiros do Peru estão se reunindo para discutir um novo formato de evento. “Não sabemos se o nome será Mistura. Queremos fazer algo diferente. Estamos discutindo para que seja uma feira gastronômica inovadora e futurista”, conta o chef do Maido. Ainda não há data definida, mas a expectativa é grande entre os fãs dos sabores peruanos.
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