Por muito tempo o “chique” era consumir e preparar receitas com chocolate belga (a Suíça acabou ficando para trás na corrida pelo melhor chocolate que existe), garantia de qualidade (e preço alto), mas aos poucos isso foi mudando.
O que passou a definir a qualidade do chocolate vendido foi a origem do cacau e hoje temos excelentes nozes da fruta advindas principalmente da América do Sul e Central (o Brasil exporta alguma das melhores), além da África. Ainda assim, parte do chocolate em si ainda vem da Bélgica, o que causa a confusão: ainda é chocolate belga?
Primeiro vamos entender o que é o chocolate. Basicamente é uma massa obtida a partir da secagem, torra e moagem da semente do cacau, acrescida ou não de leite e açúcar. A matéria-prima para produzir o produto pode ser adquirida por qualquer empresa, e normalmente elas não possuem as fazendas, apenas compram a noz. O mais usual é que o doce seja composto por um blend de várias regiões.
Agora vamos ao chocolate chamado “de origem”, ele recebe esta denominação quando todo seu cacau vem de uma região específica. Isso confere a ele características únicas, relativas ao terroir da plantação. Norte e Nordeste brasileiros, Venezuela, costa africana são algumas das zonas produtoras. Também por possuírem uma produção limitada, costumam ser mais caros e o processo de fabricação mais cuidadoso.
Agora surge a polêmica, o chocolate de origem brasileira produzido na bélgica é belga? É uma discussão que tem ganhado espaço na internet. Na minha opinião, independentemente de onde vem o cacau (e mesmo que ele esteja indicado na embalagem), o produto em si continua sendo belga. A tecnologia, a execução e a produção são todas lá, logo, o produto é belga. Costumo citar como exemplo os carros brasileiros vendidos no México. As marcas são japonesas e europeias; as matérias primas são de todo mundo e a tecnologia e produção são daqui e é consenso de que o carro é brasileiro.
Uma grande vantagem da compra do chocolate de origem é, também, a questão social, há uma grande discussão em cima das condições trabalhistas nos cacaueiros, com denúncias sobre trabalho infantil, escravo e outras situações reprováveis. Ao ter o cacau completamente rastreável, é possível conhecer a questão e o tratamento dos envolvidos na produção.
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