Nos últimos anos, o que não falta são falas e textões sobre machismo no mundo cervejeiro, sabemos. Aqui no blog mesmo já foram alguns, na “revolução de setembro” nem se fala, muitas confrarias e programas de pequenas e grandes cervejarias já foram criadas nessa prerrogativa.
Porém, diante tanto murro em ponta de faca, a seriedade que me perdoe, mas o humor é fundamental. E foi com essa poderosa arma que o mundo cervejeiro tem MAIS UMA VEZ a chance de se mexer e trazer mais pessoas para a mesa – mais conhecimentos para a caixola.
Veja também
- Machismo não tem mais espaço no mundo da cerveja
- Cervejas com rótulos machistas são vetadas em festival. E nós com isso?
- Monja “mãe do lúpulo” é mais uma a provar que cerveja é coisa de mulher
Mariana e Juliana, da Ballena Craft Brewery (Florianópolis) resumiram em um singelo vídeo de 15 segundos um sentimento comum a muitas mulheres que produzem, analisam e consomem: como é difícil aturar a vigilância e condescendência de macho sobre nossas panelas e copos.
A Ballena nasceu há quase um ano, em uma amizade que já completa dez. E se uma cervejeira incomoda muita gente, duas cervejeiras incomodam muito mais.
Além das famigeradas gracinhas e desprezo pelo conhecimento cervejeiro das mulheres que estão atrás dos balcões, a dupla cita a falta de representantes femininas na indústria cervejeira e outro centro de recorrente assédio. Juliana, por exemplo, já teve experiência em cervejaria onde os homens ficavam “brabos” porque eles não acharam que a funcionaria nova contratada era “gostosa e bonita o suficiente”.
“Nos ofendemos muito com isso porque dá a ideia de que nosso trabalho não importa e eles estão nos objetificando”, contam.
Outra manifestação de machismo explícito frequente é interrupção de “manjão cervejeiro”:
Já aconteceu de uma de nós estar discutindo com um homem de uma outra cervejaria e ele olhar pro lado e falar que ‘essa menina tem muito o que aprender’. Por favor, não sejam esse cara!”
Brinks, só que não
Para tristeza dos machistas, cada vez mais mulheres estão com o pé na porta e a cara no sol. Para decepção das que resistem e insistem, se de um lado o machismo é agressivo e sonoro, um outro tipo também circula com frequência nas relações cervejeiras: o passivo e o ignorante.
“Acontece muito de ouvir o clássico ‘Homem é assim mesmo né, deixa pra lá’ ou então ‘ele não falou sério, foi brincadeira’. Tem gente que brinca um bocado, né?”
O universo cervejeiro, aliás, é cheio desse tal humor baseado no mais babaca bullying e não à toa os “cervejeiros valentões de 5B” se escondem quando a brincadeirinha vira caso de polícia.
“Coincidentemente, tivemos um caso recente de machismo no meio cervejeiro que tomou uma proporção gigantesca, foi quando pensamos em trazer esses fatos sobre o que as mulheres estavam cansadas de ouvir no meio cervejeiro”, relembram.
Duas mulheres, jovens, que abriram uma cervejaria e fazem o que querem dela, lidando com fornecedores, clientes, marketing, produção e tudo mais, só poderiam ter um objetivo: cerveja. Mas seria de mulher pra mulher?
Se essa é a dúvida do leitor sobre a trajetória e produção da Ballena – e de outras muitas cervejarias lideradas por mulheres -, a Juliana e Mariana mandam um mantra urgente:
“Cerveja para mulher é a que ela quiser, e não aquela mais suave ou mais frutada! Gostar de cervejas assim é uma questão pessoal, e não ligada ao gênero”.
COMO ESTAMOS BLOGUEIRANDO? Críticas, elogios, sugestões, desabafos? Aceitamos em Instagram e Untappd.
The post Cerveja de mulher? Dupla dá tapa na cara do machismo com nova arma: o humor appeared first on Siga o Copo.
Fonte: Siga o Copo https://ift.tt/3omfDCd
Nenhum comentário:
Postar um comentário